Torres Gêmeas: os elefantes brancos começam a ganhar vida - Santa Tereza Tem
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Torres Gêmeas: os elefantes brancos começam a ganhar vida

Torres Gêmeas:  elefantes brancos começam a ganhar vida, com a reconstrução

Letícia Assis

Após 30 anos paralisadas, as obras do antigo residencial Saint Martin, as Torres Gêmeas de Santa Tereza,  à Rua Clorita, finalmente foram retomadas com previsão de término em 2019, segundo Gilberto Moreira Siqueira, diretor administrativo da Construtora Veredas, responsável pelo empreendimento.

Finalização das obras está prevista para 2019

Segundo ele, as características externas originais do prédio serão mantidas e as duas obras inacabadas se transformarão em prédios residenciais com 132 apartamentos de 1 e 2 quartos, sendo 66 unidades em cada edifício. O tamanho dos apartamentos variam de 44,6 m2, 57,05 m2 e 69,5 m2.  As mudanças serão feitas na parte interna para adequar os estilos dos apartamentos, e na área de convivência, que terá piscina, sauna, deck molhado, espaço kids, área gourmet, churrasqueira, academia e quadras.

Gilberto Moreira explica que “finalizamos recentemente uma obra e ao final da construção começamos a procurar algo interessante. Começamos a estudar a questão de recuperação, que é uma atividade que está em alta nos grandes centros, pela dificuldade de encontrar espaço e pela perda de utilização do espaço. O que nos chamou a atenção: as características do bairro, o tamanho do terreno, que é de 5 mil m², isso não existe em Belo Horizonte. A proximidade do Shopping Boulevard, da estação de metrô e a localização também foram  fatores que que nos atraíram”.  Ele destaca ainda que o novo empreendimento, agora nominado Altabella Urban Resort, é o último e único vertical em Santa Tereza, já que o bairro está todo tombado.

O projeto de modernização do Altabella ainda está na Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) em processo de aprovação.  Enquanto isso, 30 pessoas trabalham nos edifícios para efetuar a remoção do entulho e limpeza da área. Após  aprovação pela PBH, a expectativa é que entre setembro e outubro comece a fase de acabamento, podendo iniciar as vendas em 2018 e realizar a entrega no segundo semestre de 2019.

Para os moradores

Euclides Moura Marques (47) mora no bairro desde menino e possui um estabelecimento comercial à Rua Gabro, bem próximo ao empreendimento. Para ele, a finalização das torres será positiva, pois como estava influenciava negativamente a região. “O lugar ficava meio marginalizado por ser invasão. Aconteceram muitas mortes no local e sem elevador, o pessoal caia lá de cima”, comenta Euclides.

O presidente da Associação Comunitária do Bairro Santa Tereza, João Bosco Queiroz, também aprovou a recuperação das torres. “Aquilo ali estava abandonado, então veio a calhar essa reforma. Tinha sido invadido e lá ocorreram casos de assassinatos.”

Não se pode confundir

João Bosco aproveitou para fazer uma boa observação. Segundo ele, muitos moradores do bairro estão confundindo a retomada das obras das Torres Gêmeas com o empreendimento anunciado pela Construtora PHV, a construção de três torres comerciais próximo à fábrica de pregos. Se aprovado, além de ser uma ameaça à Vila Dias, terá impactos negativos, como modificação no clima, abertura da Rua Conselheiro Rocha, aumento do trânsito e infringido as regras de tombamento do bairro.

Portanto, explica João Bosco, “é bom esclarecer que um empreendimento não possui ligação com o outro, e difere até mesmo em suas finalidades. Enquanto as Torres Gêmeas se transformam Residencial Altabella, o outro tem finalidade comercial, para o qual nos mantemos totalmente contrários pelo risco que representa tanto à Vila Dias quanto ao bairro Santa Tereza”.

História das Torres Gêmeas

Os esqueletos de tijolo e concreto das torres gêmeas

A construção das duas torres com 17 andares cada uma começou em meados da década de 70, quando o bairro ainda não era protegido contra a verticalização pela Área de Diretrizes Especiais (ADE).  A Lei 7166/96 que proibiu o levantamento de prédios acima de 15 metros passou a vigorar em 1996, depois de uma longa batalha dos moradores pela sua implantação.

O abandono dos edifícios ainda em construção  em 1980, devido às falências da ICC Incorporadora e Jet Engenharia, responsáveis pelo residencial, deixando no prejuízo os investidores, que compraram os apartamentos  e os prédios ao léu.

Apesar de estarem inacabados, em 1996, os edifícios foram invadidos por mais de 170 famílias sem-teto, que ocuparam o local por 16 anos. Essas ocupações, querendo ou não, acabaram gerando um clima de tensão para a região, já que o local não tinha as condições adequadas de habitação, havia acúmulo de lixo e eram comuns cenas de violência no local.

O local tornou-se ponto de discussões, polêmicas e disputas judiciais. Até que, em 2010 aconteceu um incêndio em um dos apartamentos, que provocou a retirada das famílias que moravam em uma das torres. Em 2012, o segundo prédio foi interditado pela Defesa Civil e foi desocupado também, apesar dos protestos dos moradores. A desocupação completa foi em 29 de junho de 2012, quando a última família que lá morava saiu.

Depois das desocupações os prédios foram a leilão e agora parece que finalmente o caso será finalizado.

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