Cine Santa Tereza: entre realidade e nostalgia - Santa Tereza Tem
Logo

Cine Santa Tereza: entre realidade e nostalgia

 Depois de participar de cinco edições da Mostra CineBH, Santa Tereza não vai figurar na próxima edição do evento, em 2013. Realizada há cinco anos em Belo Horizonte, a Mostra que sempre se destacou pelo resgate histórico, com parte da programação desenvolvida na Praça Duque de Caxias, agora na sua 6ª edição, que será realizada de 18 a 23 de outubro, contará somente com cinemas já em atividade, como o Cine Humberto Mauro, o Usiminas Belas Artes e o SESC Palladium.

Assim, o telão ao ar livre com a igreja ao fundo, as charmosas tendas de convívio e o antigo Cine Santa Tereza aberto, ficarão este ano na lembrança dos moradores e frequentadores do bairro.  

De acordo com a assessoria de comunicação da Mostra Cine BH, a coordenação do evento optou por cinemas com infraestrutura pronta.  Ainda segundo a Assessoria, o evento está com o orçamento “apertado” e o custo para colocar o Cine Santa Tereza em funcionamento e adequar a Praça Duque de Caxias é alto, já que o Cine é um galpão e é preciso ligar luz, ar condicionado, instalar banheiros, fazer o piso, pintar.

 Há vários anos o projeto de reforma do Cine Santa Tereza continua no papel. De acordo com a assessoria de comunicação da Fundação Municipal de Cultura, por enquanto, o projeto ainda não está definido.

Contudo, são várias as informações já divulgadas sobre o projeto de revitalização do Cine, como a criação do Centro Cultural, com sala de exibição, espaço multimeios, biblioteca, cafeteria e sanitários.

Em 2003, a prefeitura adquiriu o imóvel com recursos do orçamento participativo e recentemente foi realizada a licitação para a contratação da empresa que irá realizar a reforma, já que o projeto já conta com o patrocínio da Vale do Rio Doce, como compensação pelo uso da linha do trem.

Enquanto isso, os moradores mais jovens aguardam reviver um tempo que os mais vividos contam com nostalgia.

Waldir Raimundo dos Rei

Waldir Raimundo dos Reis, nascido no bairro de Santa Tereza em 1940, conta que o cinema lotava e muitas pessoas ficavam até em pé.

“Os rapazes ficavam muito animados quando as atrizes mostravam as pernas e decotes”, sorri. Segundo ele, eram filmes mexicanos, de faroeste, além de Oscarito e Grande Otelo”, relembra.

“Era comum arrebentar a fita do filme, aí tínhamos que aguardar para recomeçar a sessão”, conta.  Na saída do cinema era momento de paquera. “As moças andavam em grupos de três ou quatro, a gente fazia um gracejo e as seguia quando elas davam algum sinal.”

A iniciativa do Cine praça ao ar livre resgatada pela Mostra CineBH já vem de muito tempo. De acordo com Waldir, todas as terças, nas décadas de 60 e 70 ocorria uma sessão grátis na praça. O morador já esperava o fechamento do Cine Santa Tereza, pois aos poucos todos os cinemas da cidade ficaram vazios e foram fechando pouco a pouco. Waldir confessa que nunca foi ao cinema em um shopping, mas se sentirá bastante estimulado a frequentar o antigo Cine caso seja revitalizado.

Imagens: Eliza Peixoto e Keila Costa | Reportagem: Keila Costa

Anúncios