Canção Amiga – Clube da Esquina em exposição - Santa Tereza Tem
Logo

Canção Amiga – Clube da Esquina em exposição

Canção Amiga – Clube da Esquina é o nome da  exposição sobre o Movimento musical, Clube da Esquina, nascido em Santa Tereza

Texto: Júlia Duarte

No dia 14 de julho, estreou “Canção Amiga – Clube da Esquina”, a nova mostra temporária do Espaço do Conhecimento UFMG. A exposição fica em cartaz até setembro e é uma homenagem à vida e à obra do músico e jornalista Fernando Brant, principal letrista do movimento Clube da Esquina, cuja morte completa dois anos em 2017. A entrada é gratuita e o espaço funciona de terça a domingo, das 10h às 17h, e no sábado até às 21h.

A mostra, que ocupa o segundo e o quinto andares do Espaço, é resultado de trabalho de pesquisa interdisciplinar do Centro de Referência da Música de Minas da UFMG, que investiga as sonoridades produzidas e em circulação no estado.

Três esquinas compõem a exposição, evidenciando o encontro de temas caros ao contexto social e político de 1972 a 1978, período em que os discos Clube da Esquina e Clube da Esquina 2 foram lançados. Conduzidos por Milton Nascimento, músicos como Fernando Brant, Wagner Tiso, Lô Borges, Beto Guedes, Toninho Horta e Tavinho Moura escreveram e cantaram sobre utopia e realidade, cidade e natureza, infância e transcendência.

Na esquina das ruas Paraisópolis e Divinópolis, em Santa Tereza. Foto: Arquivo Clube da Esquina

Ao chegar à mostra, o visitante se depara com um mapa, que já demonstra a dimensão da viagem no movimento musical. Em seguida, a primeira esquina: recordada nas canções em forma de brincadeiras e vivências perdidas no tempo, como a bola de meia, a bola de gude, o papagaio de papel, o cheiro de mato e o banho de rio, a infância encontra com a transcendência. Esta é celebrada nas composições, que cantam as manifestações da cultura popular marcadas por religiosidade livre e pelo encontro com o inexplicável.

A segunda esquina une cidade e natureza. A primeira é vista por outro ângulo, como um espaço de ética e política, fugindo do lugar do puro interesse privado. O meio ambiente, por sua vez, aparece com uma preocupação de sustentabilidade, que pede a comunhão com o verde. A terceira e última esquina reflete o binômio realidade e utopia, em que os artistas propunham alternativas para os problemas do presente. As canções deixavam latentes o desejo e a esperança do novo, de uma transformação da realidade que não era satisfatória.

Nas instalações Discoteca e Som Imaginário o visitante pode experienciar as músicas que marcaram época de uma forma diferente. Na primeira, bancos reproduzem as capas dos discos em formato real e guardam suas histórias e curiosidades. Na segunda, faixas são reproduzidas em seis canais, e o ouvinte fica no centro deles, sentindo a música em todas as direções e profundidades.

No Planetário, há exibição de vídeo e na Fachada Digital uma projeção exibe as artes de LPs da década de 1970 produzidos por artistas do Clube da Esquina. Há muito que reviver e rememorar na trajetória de Brant e Bituca, e também dos irmãos Lô e Márcio Borges, Beto Guedes, Toninho Horta, Tavinho Moura e Wagner Tiso, jovens sonhadores que transformaram a força da amizade e o desejo de um futuro melhor em um dos principais movimentos musicais da capital mineira.

Menino das Minas

Das janelas, pelas travessias e entre as Marias: poucos souberam revestir com tanta maestria o cotidiano de afeto como Fernando Brant. Em suas composições, é possível se encantar com os vários cantos e pontos de encontro de Minas Gerais e da capital. Nascido em Caldas, sul do estado, Brant logo se mudou com a família para Belo Horizonte, onde cresceu e viveu a adolescência e juventude.

Ensaiando os passos da vida adulta, aos vinte e poucos anos ingressou na Faculdade de Direito da UFMG. De quase advogado, passou a atuar como jornalista e músico, o que lhe rendeu reconhecimento como um dos artistas mais brilhantes do cenário musical do país. Ao lado de Bituca e dos demais músicos do Clube da Esquina, formou parcerias, compôs mais de duas centenas de músicas e, ainda hoje, encanta gerações com sucessos como TravessiaMaria, MariaPaisagem da Janela, entre outras.

O que é o Clube da Esquina?

Não há um consenso entre pesquisadores sobre o que é, exatamente, o Clube da Esquina. Para uns, são os dois LPs, produzidos em 1972 e 1978 e conduzidos por Milton Nascimento, com a participação de diversos músicos e compositores mineiros. Para outros, trata-se de um movimento mais sistemático, que tem início em Minas Gerais, mas se espalha pelo Brasil e pelo mundo.

As principais características do Clube são os temas das letras das músicas, como amizade, utopia de um mundo melhor, natureza e os espaços rural e urbano, além da singularidade das melodias, das harmonias e dos arranjos. A multiplicidade sonora e a diversidade cultural marcam grande parte do desenvolvimento artístico e a originalidade da trajetória do Clube da Esquina.

Serviço

Mostra Canção Amiga – Clube da Esquina
Inauguração: 14 de julho
Local: Espaço do Conhecimento UFMG – Praça da Liberdade, 700, Funcionários, Belo Horizonte
Entrada gratuita

Anúncios