Seu Irani a arte do pão de cada dia em Santa Tereza - Santa Tereza Tem
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Seu Irani a arte do pão de cada dia em Santa Tereza

Aos 86 anos, seu Pedro, na verdade seu Irani Franklin Magalhães, mal o sol nasce, está junto com seus funcionários, para garantir que o pão de sal esteja crocante, quentinho. Uma rotina que se repete há 25 anos.

Irani Franklin Magalhães,

O nome da padaria, que fica à Rua Mármore, 245, ele conta foi escolha de sua esposa, Dicíola Silva Magalhães, que faleceu em 2007. “Foi uma homenagem ao meu sogro, Pedro. Ficou um nome simpático e fiquei conhecido por ele. Poucas pessoas aqui me chamam de Irani”.

Sua história com a panificação iniciou com o a vô, o italiano Henrique Bruschi, que veio tentar a vida na nova Capital, em 1901, quando inaugurou a Padaria Central no Barro Preto. “Aos 11 anos, em 1944, com a morte do meu pai, precisava ajudar nas despesas da casa. Então fui então ficar com meus tios na padaria. Comecei a “ajudar na mesa”, que era fazer limpeza das latas e moldar os pãezinhos. E tomei gosto por fazer pão”, relembra.

Em 1954, os tios encerraram as atividades da na Padaria Central e o jovem Irani precisou encontrar outro trabalho.

O Recomeço
O caminho encontrado foi unir-se a sua mãe Helena Bruschi Magalhães, que fazia pinturas em tecidos. “Montamos uma confecção, a Artema, de roupas de cama, mesa, banho e pioneira na produção de edredons em Minas Gerais. Da fábrica de fundo de quintal, fomos para dois galpões no Cinco, em Contagem, eram 150 funcionários e vendíamos para todo Brasil”.

No governo Sarney, 1993, com a economia brasileira em crise e inflação nos 80%, ficou inviável manter o negócio. Ele então achou por bem encerrar as atividades da Artema e buscar outra coisa.

Ele se reinventa aos 60

Assim, em 1993, seu Irani se reinventa e se torna o Pedro Padeiro. “O que sabia fazer era pão. Então em comum acordo com a família, resolvemos abrir a padaria aqui em Santa Tereza, por sugestão da minha mulher, a Dicíola”.

Mesmo porque ele nunca se afastou da massa e do forno. “Continuei comendo muito pão, fazendo panetones no Natal, ajudando um tio em sua padaria em Santa Efigênia e fazendo pães para a família”, comenta rindo.

Para iniciar o novo negócio, não se fez de rogado e aprendeu novas técnicas. O veterano padeiro observa que “o sistema de produção se modernizou. Precisava me atualizar. Então participei de vários cursos no SENAC. Ficava eu de cabeça branca, no meio daquela turma jovem”, comenda rindo da situação.

Com as filhas Adriana e Jane sempre atentos à qualidade dos produtos

Ele comenta que, “começamos devagar. Fizemos 25 anos em outubro passado e padeiros que começaram comigo e estão ainda aqui. Ganhamos até prêmios, como diploma do pão melhor pontuado da ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas) em 2014, em relação à textura, crocância, concorrendo com 180 padarias. Outro orgulho foi o troféu de Festival de Quitandas de Minas, 2012 com “Quiche Mineiro” o troféu de mais quitanda mais votada pelos clientes com a “Coroa Real de Milho”, em 2013.

Como fazer um bom pão

Segundo ele, o segredo do pão francês é a qualidade dos insumos, acompanhar os processos de perto e atenção com a temperatura.  “O modo de fazer o pão se modificou. Hoje, por exemplo, as massadeiras são cilindras e rápidas.  Mas o que aprendi com meus tios foi muito útil”.

Ele ressalta que “uma característica de nossa padaria é tudo ser  é voltado para o pão de sal, as máquinas, as geladeiras, o forno, a água gelada. Parece simples, mas o pão de sal é o mais complicado de ser feito. A massa tem de descansar por tempo certo, a quantidade do fermento que pode variar  e ao tirar da masseira para modelar a massa tem de estar em uma temperatura ideal. Não tem uma receita fixa, os ingredientes são os mesmos, a questão é estar atento às variáveis do tempo e à temperatura do forno”.

Mão na massa

Seu Pedro e Santa Tereza

Sua história com Santa Tereza começou, quando o tio Américo Bruschi arrendou a padaria de Guido Lazzaroti, na Rua Mármore. “Em 1950, vim ajuda-lo a ensinar os padeiros. Minha prima fez amizade com a moça vizinha, a Dicíola. Ela nos apresentou, e uma olhadinha aqui, ali, e acabamos nos casando em 1956, quando eu tinha 22 anos. Então passei a morar em Santa Tereza de onde não saí mais, primeiro na Rua Silvianópolis e depois na Anhanguera.

O jovem Irani e sua esposa Dicíola

Ele comenta que “É bom morar aqui, onde as pessoas idosas ainda andam pela rua e pelas muitas amizades que fiz, principalmente depois da padaria”.

Pelo bairro ele diz que “tenho por Santa Tereza o sentimento da gratidão, onde me casei criei os filhos e onde os netos foram batizados. Fui muito amigo dos padres cruzios, Thiago, Teófilo e Leonardo. Além disso tem as amizades e o carinho dos clientes da padaria. Morar no bairro é um orgulho. Sinto como um filho de Santa Tereza, onde estou há quase 70 anos e me identifico muito com tudo aqui.”

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