Delícias de Santê: Coxinhas de Jambu - Santa Tereza Tem
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Delícias de Santê: Coxinhas de Jambu

Delícias de Santê: Coxinhas de Jambu, de Belém do Pará para Santa Tereza

Letícia Assis

A gastronomia do Pará tem a cultura indígena como uma grande influência e é considerada uma das culinárias mais brasileiras. Os elementos encontrados na região da Amazônia formam a base de seus pratos, temperados com folhas e frutas nativas. Entre eles está o Jambu, que veio parar cá em Santa Tereza graças à Jacqueline Batista Gomes e Renato Silva de Brito. O casal, que mora no bairro, trabalha na produção e venda das Coxinhas de Jambu, receita criada pela própria Jacqueline, que é paraense, jornalista, chef de cozinha e amante da baixa gastronomia.

Renato Silva de Brito e Jacqueline Batista Gomes

Ao falar de sua experiência na cozinha, Jacque fala que é “apaixonada pela baixa gastronomia, que eu não sei até então que ponto vai a baixa pra a alta gastronomia, porque eu considero a coxinha que fazemos muito sofisticada. Não é uma coxinha comum, fácil de encontrar. É  mais elaborada, feita com massa de batata, mais lisa e leve. Você come sem se sentir empanzinada”, explica a paraense.

Preparada com vários “Q’s” a mais, a coxinha feita por eles tem como ingrediente marcante o Jambu, hortaliça, encontrada e cultivada somente no Pará.  O jambu possui um efeito anestésico que provoca uma leve dormência nos lábios e na língua, gerando uma experiência única dentro da culinária.

Criar uma receita que usasse um ingrediente do Pará e divulgar mais a culinária paraense cá nas Gerais, é uma ideia que Jacqueline Batista carregava consigo há um tempo. Depois que se especializou na Alta Gastronomia, ela resolveu tira-la do papel e joga-la na panela.

São três sabores: frango, camarão e vegetariana, a única que tem orégano na massa. Mas todas levam a flor e a folha do Jambu e castanha de caju triturada; tudo vindo direto de Belém do Pará – imaginem o trabalho que deve dar. “Outro diferencial da nossa coxinha é ser bem temperada. Usamos alho poro, pimentão amarelo e vermelho, cheiro verde, cebolinha, alho. Reaproveitamos o caldo do frango para temperar e dar cor à massa”, conta Jacque, explicando todo o cuidado e carinho com o preparo.

Massa da coxinha, feita de batata, com recheio de frango e flor de jambu com castanha triturada

Outro detalhe interessante é o cuidado com o armazenamento e transporte das coxinhas na hora das vendas, tarefa delegada ao Renato.  Os salgados são embrulhados um a um no papel alumínio e armazenados em saquinhos com adesivos coloridos, identificando o sabor, sendo a de frango azul, camarão rosa, e a vegetariana verde.

A venda segundo Renato é “em um rol é informal. Passo pelo Orlando, Bar Santê, no Crepe, Bar do Pedro, Bolão, e têm algumas pessoas, que já são clientes cativos, eu bato na porta delas”. O transporte é feito em um carrinho personalizado, que leva a bandeira do estado do Pará.

Uma coisa engraçada, segundo Renato, é a reação de alguns clientes, que estranham o Jambu por ser uma erva desconhecida em Minas. “Algumas pessoas ficam com medo de experimentar. Tem gente que até acha que é maconha, porque dizem que tem gente que vende doce com maconha e em outras coisas, em alguns lugares de BH”.

Ele conta que “já até ficarmos chateados, porque um cliente rejeitou o produto, porque não acreditou em nós e ficou com medo de ter maconha ou de ter algum efeito do jambu semelhante à da maconha. Tive até que fazer um post no Instagram para explicar”, completa Jacqueline.

Independente disso Renato conta que “as vendas foram além das nossas expectativas, pois paga nossas despesas e ainda dá para juntar uma grana. Tem alguns dias ruins, mas faz parte. Geralmente é no fim de mês, que o pessoal tá liso”. Satisfeitos com os resultados, o casal pensa em abrir um espaço em Santa Tereza para continuarem firmes na cozinha, misturando os temperos das duas melhores gastronomias do Brasil e apresentando mais a culinária paraense aos mineiros.

Flor do Jambu

Conhecido como o “menino do café”, quando vendia café pelo bairro, Renato já tem mais que intimidade com os moradores de Santa Tereza, lugar de onde eles não pretendem sair por nada. “Gosto muito de Santa Tereza por causa desse clima de interior. Aqui é calmo, não tem barulho de transito. Não saio daqui nem por decreto”, brinca Jacqueline ao falar de Santê. “Tem até o barulho do trem que passa de vez enquanto. Chega até ser poético”, completa Renato.

Quem ficou curioso para experimentar  é só encontrar Renato pelas ruas de Santa Tereza a partir das terças-feiras, o roteiro vocês já sabem. Se quiser encomendar, ligue no (31) 9 9191.9589 ou pelo whatsapp. O preço da unidade é R$ 8,00. Na compra de duas coxinhas, o cliente ganha um adesivo e um mini frasco com tucupi, tempero extraído da mandioca, que os paraenses não ficam sem.

Foto saquinhos: Coxinhas de frango, vegetariana e camarão, com o frasquinho de tucupi e a Cachaça de Jambu, outra especiaria que eles pretendem comercializar aqui.

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