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História de superação

História de superação da deficiência visual do músico e massagista Paulino

Reportagem: Letícia Assis

Imagine uma criança jogando bola com os amigos e de repente “pimba”! Leva uma bolada, que mudou completamente a sua vida. Assim aconteceu com Paulino Dias Guimarães, que se tornou deficiente visual aos 11 anos, ao levar uma bolada, que descolou as retinas de seus olhos.

paulino união cegos 3Natural de Salinas, norte mineiro, Paulino precisou se adaptar à nova vida sem luz, que o destino lhe trouxe. Mudou para Belo Horizonte e foi estudar no Instituto São Rafael, escola especializada para deficientes visuais. “Vim para BH sozinho, fiquei na casa de uma família conhecida, mas logo procurei meu rumo”, conta Paulino, sem medo de viver.

A deficiência deixou de ser uma limitação e correu atrás dos meios de sobrevivência. Trabalhou, fez cursos e se especializou para ser um bom profissional. As amizades cativadas o Instituto São Rafael são mantidas até hoje e lá surgiu a banda de forró Bão Demais, formada por ele e mais cinco cegos.

Por meio dessas amizades, o Popó Guimarães entre os amigos, aos 18 anos, em 1983, conheceu a União Auxiliadora em Santa Tereza. Nessa época, a instituição tinha uma grande estrutura com 40 funcionários e capacidade de abrigar até 200 deficientes visuais, oferecendo cursos e tratamento médico e odontológico.

Foi lá que fez os cursos profissionalizantes e se tornou massagista, profissão que ainda exerce, após um curso de massagem com um professor japonês, que esteve em BH só para especializar deficientes. Paulino trabalhou em vários lugares, como montador e massagista em clubes até decidir atuar por conta própria. Segundo ele, “percebi que precisava ser mais independente. Foi quando comecei a participar da administração da União Auxiliadora e, com o tempo, conhecendo outros massagistas deficientes visuais passamos a atender aqui na sede”.

Ele, junto com o amigo Wellington, atende os clientes em uma sala no espaço da União, onde aplica as técnicas de Shiatsu, Reflexologia, Massagem com Pedras, Reiki, Quick Massage e Terapia mais vida.

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Grupo Forró Bão Dimais

A banda de forró, onde é percussionista e cantor, além de ser um hobby, ajuda a fazer um “extra”.  A banda já se apresentou em vários lugares, como no Arraiá de Santa Tereza, nas cidades de Itajubá, Maria da Fé, Campinas, São Paulo e há dois anos, fez uma turnê de 19 dias na Suíça.

Sob a forma como lida com a falta da visão, Paulino dá uma lição: “Pra mim é tranquilo. É claro, todo mundo tem suas dificuldades, tem algum empecilho mesmo sem deficiência, mas a gente encara com tranquilidade, com amor pelo que faz, e isso ajuda muito”.

E continua: “Eu sempre fui uma pessoa aberta, para conversar, fazer amizades. Sempre gostei muito do povão e comunicar, e a banda da qual participo deste a época do colégio, me ajudou a interagir com as pessoas”.

Dificuldade da União Auxiliadora dos Cegos

Paulino tem gratidão por tudo que viveu e ainda vive na entidade, que no momento abriga nove deficientes visuais na maioria união dos cegos fachada2idosos. As doações mantém o espaço, mas a esperança da entidade voltar a atuar como antes, é algo vivo no coração de cada um deles. “Atualmente, estou como vice-diretor da casa e junto com mais três diretores e seis funcionários estamos lutando para reerguer a entidade”.

Devido a uma série de problemas, a entidade está na iminência de perder o imóvel, na Rua Marmore. Felizmente, segundo ele, a diretoria da União Auxiliadora dos Cegos possui bons laços de amizade e estão buscando alguma forma de reverter a atual situação, para que continue a fazer diferença na vida de muitos deficientes visuais, como fez na dele.

Moradores do bairro, a Associações dos Amigos do Bairro e a Associação Comunitária de Santa Tereza tentam encontrar uma solução, mas, o futuro da entidade ainda é incerto. “Santa Tereza sempre foi muito solidária à entidade, até por ser uma comunidade muito antiga, o pessoal já conhece e acostumou com o trabalho, tem amizade, afetividade por ela”.

Sobre a relação entre a sociedade e o deficiente, ele diz que “a sociedade tem participado mais do nosso meio, mas ainda há muita gente mal informada. Os meios de comunicação têm enfatizado bastante nas novelas, filmes e isso é muito bacana pra gente. Ainda que ainda há muito o que conhecer, saber da capacidade do deficiente, as próprias empresas dedicarem mais, apoiarem mais. Apesar da dificuldade hoje tá geral, acho que tá faltando um pouco disso, acreditar mais no deficiente, no potencial e dar espaço para ele”.

Ajude você também

Vamos ajudar a manter em Santa Tereza mais esse exemplo de solidariedade e compaixão que o bairro carrega. Mesmo que você considere que possa ajudar pouco, esse “pouco” com certeza será muito para eles.

Colabore como puder, fazendo doação em dinheiro, em alimento não perecível ou com uma ideia que possa contribuir para reverter a situação crítica em que a entidade se encontra. Seja como for, irá valer à pena, para você e, principalmente, para eles!

E não se esqueçam do excelente trabalho do Paulino e do Wellington como massagistas. Quando precisarem dar uma relaxada, procure o seus serviços. O telefone de contato é: (31) 9.9811-2665, e o 3018-8888.

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