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Folia de Reis é patrimônio cultural imaterial

Folia de Reis é patrimônio cultural imaterial desde o dia 06 de janeiro

Uma boa notícia divulgada, no dia 6 de janeiro, é o reconhecimento da Folia de Reis de Minas Gerais como patrimônio cultural imaterial do estado, pelo Conselho Estadual de Patrimônio de Minas Gerais. A manifestação cultural e festiva, celebrada anualmente por católicos, ocorre geralmente no dia 6 de janeiro em diversas cidades mineiras. É a data da visita dos reis magos ao Menino Jesus e é quando se encerram os festejos natalinos. É como manda a tradição o dia de desarmar os presépios, as árvores e a decoração natalina.

folia de reis 17 reis presépio

A tradição da Folia é mantida em Santa Tereza Foto: Eliza Peixoto

O Reisado, Folia de Reis ou Festa de Santo Reis é uma manifestação da cultura popular e religiosa, quando os católicos de algumas regiões do Brasil, especialmente em Minas Gerais, vestem roupas coloridas e saem às ruas entoando cantigas em homenagem aos três Reis Magos e louvando o Menino Deus. Geralmente presenteiam algumas casas, batendo à porta, visitando o presépio, cantando e desejando fartura à família visitada. Recebem comidas e bebidas em agradecimento.

Um inventário do Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais (IEPHA-MG) realizado em 2016 cadastrou 1.255 grupos de foliões, distribuídos em 326 municípios mineiros, resguardando uma tradição de aproximadamente 300 anos.

Em Santa Tereza

Santa Tereza é um do bairros da capital mineira que tem um histórico da Folia de Reis, que vem sendo mantida nos últimos tempos pelos irmãos Naves. Neste ano contou com a parceria da Confraria São Gonçalo, da Paróquia de Santa Teresa e Santa Teresinha, do MIS Cine Santa Tereza e do Portal Santa Tereza Tem.

O cortejo saiu da Confraria São Gonçalo, à Rua Norita, e veio arregimentando foliões pelo caminho. Passou pelo cinema (onde foi exibido o filme O quarto rei), pela Praça Duque de Caxias e chegou à igreja, onde foi celebrada uma missa festiva, pelo pároco Márcio Ribeiro, grande incentivador do reisado.

folia rita bandeira

Dona Rita Góes recebe a bandeira

No caminho de volta, os foliões fizeram parada na casa de dona Rita Góes, à Rua Salinas. Ela completava 86 anos e reunia a família em uma comemoração, que foi interrompida pela surpresa. Um momento de alegria para a aniversariante que não resistiu às lágrimas. “Nunca recebi uma visita assim. Quando criança via a folia, mas não participava. Foi uma feliz surpresa ainda mais meu aniversário. Estou muito feliz e só tenho a agradecer”, comentou dona Rita emocionada.

Eliane Rodrigues da Silva, funcionária pública, veio de Contagem especialmente para aproveitar a folia. Ela explica que “vi a reportagem no site Santa Tereza Tem e como sou apaixonada pela música e pela folia trouxe as meninas, minha filha Clara e a amiga dela, Luna, para participar e conhecer essa expressão vida da cultura popular. E é preciso continuar a mantê-la viva”.

Ex-moradores de Santa Tereza, Eduardo e Amine Dias, vieram prestigiar a Folia e aproveitar para rever o bairro e os amigos. “Atualmente moramos em Brasília, mas estamos voltando pra Belo Horizonte. Viemos prestigiar e participar da Folia, que é uma tradição popular e que, ainda bem está sendo preservada no bairro. Trouxe também meus sogros, que moram em Diamantina, e nossa filha Lara pra ver a Folia.

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Origem da Folia

Este inventário, que teve origem há pouco mais de um ano, ofereceu as bases para o reconhecimento dos festejos como patrimônio cultural imaterial de Minas Gerais.

“Foi um levantamento amplo com o objetivo de entender a origem dessa tradição no estado e também as transformações que ela sofreu, investigando como acontecia no passado e como acontece nos dias atuais. O estudo se baseou nas narrativas dos próprios participantes”, informou Michele Arroyo, presidente do IEPHA-MG.

O estudo cadastrou também manifestações que ocorrem em outras datas e que prestam outras homenagens, como as folias de São Sebastião e da Virgem Maria. Muitos grupos, porém, ainda não foram mapeados. A estimativa do IEPHA-MG é que existam cerca de 4 mil deles em Minas Gerais.

Qual a importância de ser elevado a Patrimônio Cultural Imaterial?

folia de reis 17 porta do cinemaUma das vantagens das manifestações populares serem consideradas patrimônio cultural imaterial é a possibilidade de obterem benefícios de políticas públicas. “É uma tradição da cultura popular extremamente representativa e esse reconhecimento permitirá aprofundar o trabalho de parceria entre o governo estadual e os grupos, construindo assim uma política da salvaguarda das folias de reis”, disse Michele Arroyo.

O título de patrimônio cultural imaterial poderá facilitar ainda o apoio do estado para que os grupos comprem instrumentos musicais e confeccionem as roupas. O IEPHA-MG também pretende criar espaços de formação para fomentar a integração das novas gerações, por exemplo, através de oficinas de canto e de instrumentos musicais.

“Esta tradição vai lá ao fundo da alma de Minas Gerais. Desde o início da colonização mineira, do ciclo do ouro, nós temos manifestações ligadas aos Reis Magos. Esse registro é uma documentação completa. O Iepha trabalhou nos últimos dois anos e levantou mais de 1.500 folias em Minas Gerais. Esse reconhecimento é uma chancela, uma espécie de selo de qualidade que se dá a um bem cultural, para que todos prestem atenção a ele”, explicou o secretário de Estado de Cultura, Ângelo Oswaldo.

Além das Folias de Minas, outros três bens culturais já foram reconhecidos como patrimônio imaterial do Estado: Modo Artesanal de Fazer o Queijo da Região do Serro, a Festa de Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos de Chapada do Norte (Vale do Jequitinhonha), e a Comunidade dos Arturos recebeu o título em 2014.

Informações: Agência Minas / Agência Brasil

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