Quem curtiu o som do Grupo Mambembe nas décadas de 70 e 80 em Belo Horizonte tem a chance de ouvir os músicos tocarem juntos novamente, durante o segundo lançamento do livro sobre a trajetória do grupo, de autoria do compositor, Tonhinho Carmargos.
O livro “Grupo Mambembe: pequena história que virou canção” terá noite de autógrafos nesta quarta-feira, dia 16, a partir das 19h, na Fundação de Educação Artística (Rua Gonçalves Dias, 320, Funcionários). O diferencial é que, dessa vez, o autor Toninho Camargos contará com a presença de vários colegas do antigo grupo numa animada canja musical.
O projeto do livro, que inclui um CD, reproduzindo o repertório do LP lançado pelo Mambembe em 1981, além de algumas faixas inéditas foi produzido pelo sistema de financiamento coletivo por meio do site Catarse.me. A publicação é uma parceria das editoras Recanto das Letras e Mundo Produções.
Capa do único LP lançado pelo Grupo Mambembe
Entre sambas, choros e maxixes, destacou-se no repertório do Mambembe a canção “Rio Araguaia”, de Cadinho Faria e Toninho Camargos. De maneira lírica e metafórica, a música que já mereceu várias gravações referia-se à guerrilha do Araguaia em tempos ainda vigiados pela censura do governo militar. O disco tem 15 faixas, incluindo temas como “Nobre Almirante”, do espetáculo sobre a Revolta da Chibata; “Melhor de Três” e a inédita “Tempo Mambembe”, de Toninho e Cadinho Faria.
O grupo teve uma importância histórica na música mineira, além de ter sido responsável pelo lançamento dos compositores Toninho e Cadinho Faria, da cantora Titane, do flautista Miguel Queiroz e vez do baterista Lincoln Cheib. Também fizeram parte da turma músicos como Aldo Fernandes, Alysson Lima, Antônio Martins, Cláudia Sampaio Costa, Eduardo Amaral, Edson Aquino, Hermínio de Almeida Filho, Lina Amaral, Luiz Henrique de Faria, Marcílio Diniz, Paulinho Mattar, Rogério Leonel e Murilo Albernaz, este último manteve durante muitos anos o bar Clube Mineiro da Cachaça em Santa Tereza. A produção era feita por José Maria Caiafa.
Toninho Camargos
Décadas depois, o produtor e agitador cultural Afonso Borges aponta o pioneirismo do Mambembe, “fundador de uma política de atuação cultural formadora de uma geração em Belo Horizonte, entre 1972 e 1985. Seus integrantes (…) souberam construir, com uma música de altíssima qualidade, uma aliança entre música e política que foi repetida por muitos”.
Toninho Camargos afirma que, além de resgatar a trajetória, o caminho e a linha de atuação do seu antigo grupo, seu trabalho “procura levantar aspectos conjunturais da música daquele período, de modo que pode tornar-se instrumento de reflexão sobre o desenvolvimento da prática musical em Minas Gerais”.
Pra quem viveu, relembrar, pra quem não conhece, conhecer. A música é Rio Araguaia
