Pica-Pau lança Baú de Repórter - Santa Tereza Tem
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Pica-Pau lança Baú de Repórter

Pica-Pau lança Baú de Repórter – memórias do jornalismo analógico

O jornalista, Geraldo Elísio, também conhecido como Pica-Pau, abre a sua arca de matérias jornalísticas e conta tudo no livro Baú de Repórter, memórias do jornalismo Analógico, que será lançado, dia 20 de setembro, às 19h, no Museu Inimá de Paula. O livro, além de trazer as reminiscências da profissão, registra fatos, que marcaram o país. É uma obra de interesse para quem quer conhecer a história brasileira, para quem está começando na profissão e para os estudantes de comunicação.

Ele dedica o livro a seus professores Osório da Rocha Diniz e Ulisses Lopes da Silva, quando ainda era estudante na cidade mineira de Curvelo, onde nasceu em 1942, e também à esposa, Jô Horta, à filha Janaína e ao neto Arthur.

Sobre o livro

O autor explica que o livro é um aglomerado de memórias, fatos (textos e fotos) nos quais teve participação direta no exercício da profissão. Ele cita como um dos episódios mais importantes a cobertura do golpe civil militar de 1964, que começou quando ainda era um repórter iniciante na ZYU4 Rádio Cultura de Sete Lagoas e que prosseguiu durante a ditadura militar.  Ele justifica essa importância: “a derrubada de uma democracia, onde se rasga a constituição com a participação de países estrangeiros, diga-se de passagem, como está acontecendo hoje no Brasil, é marcante para qualquer cidadão”.

Outra reportagem comentada é a entrevista com o núcleo militar do golpe de 64, quando o general Bragança revela um complô para assassinar o então presidente João Goulart, quando ele viesse a Belo Horizonte, viagem que acabou não acontecendo. Publicada no jornal Estado de Minas, o livro traz a imagem da lauda do jornal com assinatura do general Bragança autenticando a notícia.

Há ainda a inauguração do Mineirão, a campanha das Diretas Já,  a luta pela anistia e o retorno dos exilados, a doença do então presidente Tancredo Neves, que não chegou a tomar posse, o I Rock In Rio, entre outros fazem parte do baú e traz à baila fatos marcantes da história brasileira nos últimos 55 anos.

Sobre o autor

geraldo elisio com nara
Entrevistando a cantora Nara Leão

O apelido Pica-Pau foi obra do proprietário da Rádio Itatiaia, Emanuel Carneiro, que procurava um repórter investigativo para dar os chamados “furos” jornalísticos, de qualquer parte da cidade. Emanuel então olhou pra ele, para seu nariz e criou o bordão, “Pica-Pau o cara legal”, que entrava no ar logo depois da tradicional risada do Pica-Pau, então famoso desenho da TV, em 1977. Apelido esse que o acompanhou para sempre.

Sua trajetória profissional há quase seis décadas, começou ainda com o adolescente Geraldo, na Rádio Clube de Curvelo, como locutor esportivo e chargista no jornal Curvelo Notícias e na Rádio Cultura de Sete Lagoas.  Em 1966 , desembarcou em Belo Horizonte, onde deixou sua marca nos jornais Diário Católico, Jornal de Minas e Estado de Minas, Rádio Itatiaia, além de produzir reportagens como freelance para as TVs Manchete, Bandeirantes e Rádio Guarani.

Acompanhou momentos importantes do futebol, da cultura e da política brasileira, e entrevistou personalidades como Sobral Pinto, Ulisses Guimarães, Desmond Tutu, Fidel Castro, Mário Soares, Carlos Prestes, Roberto Carlos, Nara Leão, Darcy Ribeiro e o Papa João Paulo II, em Roma. Sobre a entrevista com este último ele observa, que “fui o primeiro capeta a entrevistar um papa”. Isto por ser um menino e adolescente inquieto e anarquista desde cedo, era chamado de “capeta” por alguns familiares, que previam que ele não daria nada na vida.

Em 1977, conquista o Prêmio Esso de Jornalismo Regional, pela reportagem em que ele denuncia as torturas contra o operário Jorge Defensor, praticadas pela Polícia Civil mineira, em Belo Horizonte, em plena vigência do AI-5 e da censura à imprensa.

geraldo elisio com fidel
Entrevistando Fidel Castro

Atuou como subsecretário de Cultura do Estado e Secretário Municipal de Cultura de Rio Acima, cidade na região metropolitana. Lá, quando como presidente do Conselho de Patrimônio da cidade, no voto de desempate, decidiu pelo tombamento provisório da Serra da Gandarela. Ele conta que “a mineradora Vale queria atuar em um monumento natural de bilhões de anos, onde há várias nascentes, colocando em risco o abastecimento de água da região metropolitana, a fauna e a flora. Mais tarde o lugar foi transformado em Parque Nacional da Gandarela, pela então presidenta Dilma”.

É autor de romances, poeta, letrista, cineasta e ainda se arrisca nas artes plásticas. Anarquista por natureza, comoele se classifica, tem por princípio a lealdade, gratidão e a luta pela liberdade e contra o preconceito seja ele qual for.

O jornalista não para no tempo e em época de mídias digitais, mantem junto com a jornalista Ângela Carrato, o blog Estação Liberdade Comunidade, onde publica artigos sobre politica, economia, cultura, entre outros assuntos da atualidade.

Cidadão Honorário de Santa Tereza

geraldo elisio praça
Geraldo Elísio na Praça de Santa Tereza

Pica-Pau tem tanta paixão por Santa Tereza, que fez questão de vir ao bairro para a conversa com o Santa Tereza Tem, que começou na biblioteca do cinema, continuou, depois de várias bolas de sorvete, na Almeida Sorveteria e terminou na Praça Duque de Caxias.

Ele gosta de passear pelas ruas do bairro e pela Praça e, apesar de não beber nenhuma gota de álcool, não dispensa uma ida ao Bolão, à Santa Pizza, Parada do Cardoso, Temático e Bar do Orlando.

Sobre o título de Cidadão Honorário do bairro, ele diz que “eu mesmo me dei esse título, por que acho que mereço, pois, apesar de não morar no bairro, há décadas venho aqui sempre que o tempo permite. Alegro-me com as coisas boas e me entristeço com as ruins, como por exemplo, o fechamento dos bares Godofredo e Marilton`s, onde eu era freguês de quase todo dia. Admiro a conservação da arquitetura do bairro e a luta dos moradores pela preservação deste ambiente interiorano. Sou amigo de muita gente daqui, entre outros, o Gabriel Guedes, um grande músico, o Marilton Borges e o escritor Libério Neves, que escreveu um dos versos mais bonitos da poesia brasileira: “Posto que a Terra é redonda, um dia nos encontraremos.”

Serviço
Lançamento do livro Baú de Repórter, memórias do jornalismo analógico
Data: 20 de setembro, 19h
Local:Museu Inimá de Paula – Rua da Bahia,1201

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