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Abusos financeiros contra idosos

Abusos financeiros contra idosos

Por Luis Borges publicado em Jun 15, 2015 12:00 pm

 

O 15 de junho é o dia mundial para se chamar a atenção sobre a importância do combate aos abusos dos quais são vítimas as pessoas idosas, segundo proposição da ONU (Organização das Nações Unidas). O assunto é extremamente relevante na medida em que aumenta a longevidade da população. No Brasil, segundo dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) a expectativa média de vida já se aproxima dos 76 anos de idade, enquanto 23 milhões de pessoas possuem idade igual ou superior a 60 anos – idosos, conforme a Lei. Desse contingente, 3 milhões têm idade igual ou superior a 80 anos e, entre eles, 450 mil possuem 90 anos ou mais.

O envelhecimento ativo e saudável é desafiante e exige preparação ao longo do curso da vida, o que nem sempre se verifica para muitas pessoas de diversas camadas sociais. As surpresas vão se sucedendo mediante os abusos físicos, emocionais e financeiros. A negligência e a omissão de parentes, familiares, amigos e de todo o aparato de assistência social do estado e da sociedade civil organizada muitas vezes nos chocam diante de tanta penúria, dificuldades e graus de exploração da desgraça alheia. E quanto pior, pior mesmo, quase que beirando-se ao clássico popular quando afirma que “o que não tem remédio, remediado está”. Só não sabemos ainda até quando.

Nesse espaço quero falar especificamente sobre uma modalidade de abuso contra o idoso que está crescendo geometricamente nesses últimos anos – o abuso financeiro. Saímos dos tempos do desenvolvimento econômico baseado no incentivo ao consumo amparado pelo crédito fácil, notadamente o consignável para os idosos aposentados. Agora o modelo anterior foi dado como esgotado. Juros e inflação estão em alta, poder aquisitivo e emprego estão em baixa e a Presidente da República ainda diz que todos devem continuar consumindo. Como o idoso vulnerável vai se defender dos ataques especulativos de todos que lhe torpedeiam? Se a conta não fecha, a primeira dimensão que faz tudo balançar é a financeira, que simplesmente puxa as demais, a começar pela emocional.

abuso financeiro contra idosos

Quase todo dia alguém tem um caso para contar sobre um idoso que levou um golpe financeiro. Nos últimos dias fiquei sabendo de uma senhora idosa que recebeu empréstimo consignável sem ter solicitado, mas foi usada pelo gerente do banco que queria bater a meta de empréstimos. O mesmo gerente já havia lhe empurrado a aquisição de títulos de capitalização cujo processo documental foi feito no próprio lar da idosa.

Um outro caso e após vários anos, descobriu-se que o próprio cuidador do idoso estava se apropriando do seu dinheiro para fazer viagens turísticas pelas praias brasileiras e realizar compras em centros comerciais.

Soube, também, de uma mocica que casou-se com um senhor que tem idade seis décadas superior à sua, e ele se diz muito bem cuidado por ela. Já seus filhos nunca se preocuparam com ele e, após a viuvez, um novo casamento foi um passo, já que surgiu alguém de alma boa.

Outro caso super interessante é o de um empresário que está em dificuldades financeiras e passou a fazer operações em nome da mãe e a usar seus bens imóveis como garantia. Para não alongar muito e dar uma oportunidade para que você também se lembre de outros casos, vou terminar lembrando da filha de um casal que voltou para casa dos pais separada do marido, desempregada e trazendo dois filhos, um de 20 e outro de 22 anos. Outro detalhe é que um deles é dependente químico e toda hora quer dinheiro com a avó.

O que e como devem fazer para não serem pegos de surpresa todos aqueles que hoje tem 30, 40, 50 ou 60 anos de idade? O curso da vida continua desafiando a todos. Só xingar e reclamar dos governantes não será suficiente.

Transcrito do Blog Observação&Análise, de Luis Borges, morador de Santa Tereza.

 

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