Artigo: O sumiço de mitos, lendas e assombrações - Santa Tereza Tem
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Artigo: O sumiço de mitos, lendas e assombrações

folcloreHá muito tempo não vejo um 31 de outubro com tão poucas lembranças de “halloweens” e fantasmas importados de outras culturas. Matutando matutando, pobre caipira que sou eu, penso ter descoberto alguma coisa, Parece que os fantasmas e assombrações da vida real estão conseguindo sepultar tantos os mitos e lendas que chegam de fora como, infelizmente, os nossos próprios, originários de nossa própria cultura.

As conquistas tecnológicas e, principalmente, os fantasmas e assombrações de nossa vida real, estão matando os das lembranças e da cultura popular. Os bandidos de toda espécie ocupam o espaço que poderia estar ocupado pelo Saci, o Anhangá (será que há alguém que ainda se lembra dele), pela mula sem cabeça a botar fogo pela boca, pelas casas mal-assombradas, a Iara, o Neguinho do Pastoreio, pelo Caboclo D’água e tantos personagens que coloriram a nossa cabeça.

Os traficantes de drogas passaram a ser lendários e até ladrões de colarinho branco ocupam o espaço da imaginação em nível maior do que os vultos brancos das procissões dos mortos. Todos os dias, rádio e televisão nos enchem os olhos, os ouvidos e a mente  com assassinos, que têm histórias para contar maiores do que os milagreiros de antigamente e os corruptos já são muito mais falados do que os Pedro Malazartes de ontem.

Claro, eles não precisam cavar muito, é só botar a mão na massa, nos documentos e no óleo. Nos tempos modernos, a mitologia e o lendário, dolorosamente, estão sendo ocupadas por mitos e lendas de outro nível e a pergunta que fica é “até quando? “ Já passou da hora de a gente voltar a dar importância a uma velha frase “era uma vez”. Quem sabe o Saci , a Mula sem Cabeça, o Neguinho do Pastoreio, o Sete Estrelo, o Lobisomem e outros mais não se juntam, não só para enfrentar o Halloween mas para ajudar a destruir estes novos mitos e lendas que a realidade de hoje nos impõe e obriga a aceitar. Como a esperança é a última que morre, vamos esperar.

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