Viagem sonora com taxista de Santé - Santa Tereza Tem
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Viagem sonora com taxista de Santé

Ficar parado no trânsito é algo rotineiro no trânsito de Belo Horizonte. Normal em uma cidade onde a frota de veículos já ultrapassa a casa de 1,5 milhão. Para aproveitar o tempo ocioso dentro do carro há mulheres que retocam a maquiagem, outros mexem no telefone celular (mesmo sendo infração grave), sem falar que há aqueles que preferem aumentar o som e ouvir aquela música preferida.

 De forma peculiar, o taxista Jorge Melo Sousa, de 56 anos, aproveita o congestionamento ou até mesmo os minutos no semáforo para tocar um instrumento. E instrumento é o que não falta. No porta-malas a bagagem é a flauta e o violão e a gaita. “Você não tem ideia como é estressante o trânsito dessa cidade, por isso, tocar uma música é uma espécie de válvula de escape”, afirma o taxista, que aprendeu a tocar sozinho gaita, flauta e violão.

Alegre e brincalhão é figura conhecida no ponto de táxi de Santa Tereza. Seus companheiros de trabalho curtem o seu som e todo mundo, no Santáxi, dá notícia de Jorge. É só perguntar pelo motorista músico. 

Mas onde é que os passageiros entram nessa história? Bom de papo, ele conta que “quando o carro está parado, pego a flauta, por exemplo, e começo a tocar e em cima da música, faço um arranjo”, diz. Seus clientes, o taxista garante, adoram a ideia, sendo que alguns já deram até gorjetas, uma espécie de cachê depois do pocket show. “Ninguém nunca reclamou, por isso acho que eles gostam”, brinca.

O repertório do taxista artista é variado. Mas, ele faz questão de avisar que não gosta de funk, hip hop ou de sertanejo universitário. Ele é fã da cantora britânica Amy Winehouse, falecida em 2011. “Gosto das canções Back to Black e Love is a losing game”. Mas Jorge Melo gosta também de Fagner, Zé Ramalho e dos representantes do Clube da Esquina, como Milton Nascimento, Gabriel Guedes e Lô Borges. O repertório expande ainda para jazz e blues. 

Jorge acabou de adquirir seu quarto instrumento, um saxofone. “Infelizmente não vai dar para carregar comigo, por causa do tamanho”, diz. O músico ainda não aprendeu o instrumento, mas avisa que vai começar a treinar rápido para conhecê-lo.

Sua arte, por enquanto ele gosta apresentar apenas nas festas e churrascos da família. Jorge conta que já teve seu minuto de glória. O gostinho especial de tocar com os ídolos do Clube da Esquina, durante os ensaios do grupo “As Cores do Clube”, na praça Duque de Caxias, liderado pelo guitarrista Toninho Horta. “Foi muito emocionante, tremi um pouco, mas foi muito bom”, afirma.

Se você quiser  ser o próximo passageiro a ouvir o som de Jorge Melo, uma dica é pegar o taxi no tradicional ponto que fica em frente ao Bolão, na Praça Duque de Caxias. Será, com certeza, uma viagem sonora e divertida.

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