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Profissional de saúde e emagrecimento explica a importância do emagrecimento saudável

clinlife piramide-346x300A questão da obesidade é um problema de saúde, que cresce no Brasil. Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 2010, o excesso de peso em homens adultos saltou de 18,5% para 50,1% — ou seja, metade dos homens adultos já estava acima do peso — e ultrapassou, em 2008–09, o excesso em mulheres, que foi de 28,7% para 48%.

Várias são as formas que pessoas obesas procuram para se livrar do excesso de peso, que passam de dietas mirabolantes até aos tratamentos mais radicais como as cirurgias bariátricas, que por serem invasivas podem oferecer mais riscos.

Para discutir este assunto, a cirurgia bariátrica, popularmente chamada de “cirurgia de estômago” e o emagrecimento saudável o Santa Tereza Tem ouviu o médico Eduardo Pinho Tavares diretor da Clinlife, clínica especializada em tratamento de obesidade.eduardo tavares-300x270

 Entre outras coisas, o médico fala sobre os diversos tratamentos, sobre a importância de acompanhamento médico, psicológico e nutricional, da força de vontade, dos vários exames à disposição e da necessidade do auto-entendimento do próprio corpo. Confira a entrevista abaixo.

STT: O Índice de Massa Corporal (peso/altura2) é o indicador para a cirurgia bariátrica (40 kg/m2). O que esse índice significa?

EPT: É o índice de referência mais comumente usado. O normal, para mulher, é de 19 a 24 [kg/m2], para o homem, de 20 a 25. Até 30, é excesso de peso. Acima disso, para ambos os sexos, é obesidade e acima de 40, é obesidade mórbida, com muitos riscos. Os riscos da obesidade mórbida são tão grandes que se tem visto pessoas engordando para conseguir atingir o índice necessário para se qualificar para a cirurgia. Por outro lado, como trabalho com isso há 30 anos, já vi casos de pessoas, que emagrecem dezenas de quilos em alguns meses sem cirurgia, com uma média de 5 a 6 quilos por mês, que é uma média saudável.clinlife imc-260x200

STT: O cálculo do índice de massa corpórea é suficiente para fazer a determinação de cirurgia ou não?

EPT: Temos de olhar outras coisas também. Um recurso é o exame de bioimpedância que mostra o quanto a pessoa pesa de osso, de músculo, de gordura e assim podemos definir qual é o percentual de gordura e qual seria o ideal para o paciente. É mais seguro do que só fazer um índice sem considerar detalhes especiais de cada um.

STT: Os riscos da cirurgia são muito altos, já que a pessoa está obesa (que aumenta os riscos cirúrgicos)?

EPT: Com certeza existe o risco de toda cirurgia. A pessoa costuma ter apnéia do sono, muita gordura no pescoço, entre outros problemas. Acreditamos que o risco é grande e que as pessoas podem emagrecer de outras formas, com mudanças de hábitos e reeducação alimentar.

STT: Existe alguma situação em que a cirurgia seja, realmente, a única opção?

EPT: Olha, costuma ser por causa do perfil do paciente. Ou seja, alguém realmente sem interesse ou vontade de se exercitar ou fazer a reeducação alimentar e está tão acima do peso que seria mais arriscado não fazer a cirurgia. Além disso, tem já lesões de joelho e de coluna, por exemplo.

STT: E as causas da obesidade? Como interferem na decisão de fazer a cirurgia?clinlife jo soares magro-315x200

EPT: Bom, deve-se, antes de tomar qualquer decisão, fazer todos os exames possíveis e não esquecer, claro, da hereditariedade. Isso mesmo estando comprovado que o maior fator para obesidade é a relação entre quantidade de calorias ingeridas e a quantidade de calorias gastas. Quando a tireoide está alterada, por exemplo, o metabolismo fica lento e aí, mesmo com o exercício, o gasto vai ser menor do que a ingestão. Doenças que afetam a tireoide podem ser várias, inclusive autoimunes. Com a idade, também, a tireoide pode funcionar mais lentamente, algo que pode ser resolvido com condutas direcionadas.

O hipotireoidismo é tão comum que é até difícil afirmar se a causa é hereditária ou não. Um método simples de tentar medir isso antes de ir ao médico é medir a própria temperatura por cinco manhãs seguidas, ainda no calor da cama, durante seis minutos, fora do período menstrual. Faça a média e se for menos de 36,5o, pode ser hipotireoidismo.

clinlife jo soares gordo-200x281STT: Para a cirurgia bariátrica, vê-se falar muito do acompanhamento médico, mas pouco sobre outros tipos de acompanhamento, como psicológico. Qual é a importância desse tipo de acompanhamento? E a questão do problema de autoimagem?

EPT: Essa é uma questão interessante e demorou-se muito tempo para entender esse problema. A pessoa emagrece e continua comprando “G”, porque não aceita que emagreceu. Ou cria uma identidade com a gordura, como o Jô Soares, que decidiu engordar novamente. Pode ser que a pessoa não chega ao seu ideal, mas fica satisfeita, porque o contraste é tão grande. Ainda tem o outro extremo de anorexia e bulimia, que a pessoa nunca consegue perceber que já passou do seu peso ideal.

O trabalho psicológico é importantíssimo. Com a obesidade, a aparênia é apenas a ponta do iceberg. A pessoa vê somente aquela questão tangível, sem pensar no que está por baixo, na raiz do problema. É, inclusive, muito comum a pessoa “empacar”, alguns quilos longe de seu ideal e não conseguir emagrecer, apesar de estar tudo certo com seu tratamento. Com a cirurgia, dificilmente isso é trabalhado. A pessoa muda radicalmente em algumas semanas e às vezes nem se reconhecesse. Quanto tempo essa pessoa levou para engordar e quanto tempo será o acompanhamento psicológico?

STT: E o acompanhamento nutricional? Sabe-se de casos de pessoas que estouram o balão ou anel, que passam muito mal após uma festa, por exemplo.clinlife festa-300x260

EPT: O pior que pode acontecer com alguém que exagera um dia é, no máximo, um sentimento de culpa, que estamos preparados para trabalhar. É só conversar com a nutricionista e ajustar a dieta e com a psicóloga para entender porque exagerou, se é que tem uma razão “por debaixo dos panos”, e como evitar que aconteça de novo.

STT: Então, uma pessoa que fez a cirurgia bariátrica, eventualmente, vai ter uma vida normal? Ainda que seja exagerar em uma festa?

EPT: De jeito nenhum. A capacidade do estômago não permite. A pessoa ainda tem que tomar vários remédios e suplementos para o resto da vida, porque o estômago não consegue absorver todos os nutrientes. No emagrecimento sustentável o resultado é duradouro, porque a reeducação alimentar, é a base do tratamento, é o que fica para sempre. A pessoa passa a entender como seu corpo funciona. Essa tem sido a nossa experiência. Ache um exercício que goste, balanceie a dieta, dobre na fibra, que pode aumentar o volume, mas não as calorias, que a vida se equilibra. A nutricionista, sem dúvida, tem um papel importantíssimo aí.

STT: Mas, mesmo depois de tudo isso, como uma pessoa equilibra ser mais saudável e ser seu ideal em termos de estética, entendendo que ela nunca vai ser igual à modelo da revista?

EPT: Eu acho que é uma questão de valores. Não tem como brigar com o formato do seu corpo e é necessário entender que o biotipo das modelos é diferente. É importante achar a beleza em cada aspecto próprio e não ser levado pela mídia. O equilíbrio é entender seu biotipo, achar seu ideal de saúde e estética e trabalhar para manter esse equilíbrio. Fora do equilíbrio, em qualquer direção, é tortura.

clinlife sus-301x200STT: No caso do SUS, não seria mais barato para o sistema e para os cidadãos e menos arriscado para os pacientes que fossem feitos alguns exames diferenciados e um tratamento a longo prazo, ao invés da cirurgia?

EPT: Sem dúvida. Já cansamos de discutir isso até com planos de saúde privados. Mas os planos de saúde, público ou privado, nunca vão entender que é mais barato prevenir do que remediar.

 STT: Então, independentemente do tratamento escolhido, qual é o primeiro passo para emagrecer saudavelmente?

EPT: O primeiro passo, sem dúvida, é querer. E aí entra a ação. Se você chegou à conclusão de que não está bem, então não fique esperando, aja. Depois disso, ache um local de confiança e pegue pra valer!

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