MOVIMENTO “SALVE SANTA TEREZA” VOLTA PARA PRESERVAR A ADE DO BAIRRO

Em 1996, Santa Tereza viveu um momento histórico com aprovação da Lei 7166/1996 da ADE (Área de Diretrizes Especiais), que criou normas especiais de proteção ao bairro. Esta lei foi fruto do esforço e mobilização de um grupo de moradores, que naquela época criou o movimento Salve Santa Tereza. Conseguido o objetivo o movimento se dispersou. O jornalista Luis Góes, que participou do movimento, relembra que “a arquiteta Edelwais Hermann conclamou as pessoas do bairro a participar. Entre outros moradores, fizeram parte da comissão Ronaldo Perdigão, Wânia Resende, Luis Góes e Marilton Borges”.

Na foto, de 1997, Perdigão e a ex-vereadora Maria Caiaffa entregam ao então vereador e presidente da câmara, Sávio de Souza Cruz, um abaixo assinado com cinco mil assinaturas, reivindicando atenção especial para o Santa Tereza, por ocasião da promulgação da Lei de Uso e Ocuação do Solo, pelos veradores. Daí resultou a ADE. (Foto :acervo Luis Góes)

Entretanto, diante da forte especulação imobiliária em Belo Horizonte e procura por parte das construtoras de áreas para expandir seus negócios e a política urbana da cidade, que privilegia verticalização das moradias, e que pode também atingir o bairro, apesar da ADE, o movimento Salve Santa Tereza está se rearticulando novamente.

Para divulgação do movimento foi criada uma página no Facebook, Salve Santa Tereza, e os integrantes estão se mobilizando e convocando os moradores a participar agora da preservação da ADE e da sua extensão aos limites de todo o bairro.

Para melhor esclarecer o Santa Tereza Tem entrevistou a historiadora e moradora do bairro, Maria Guiomar da Cunha Frota, que é uma das participantes do movimento.

STT: Primeiro, explique o que é uma ADE?

MGCF: A ADE é definida como uma área que, em função das características ambientais e da ocupação histórico-cultural, demanda a adoção de medidas especiais para proteger e manter o uso predominantemente residencial. A ADE foi criada pela Lei 7166/1996 e regulamentada pela Lei 8.137/2000.

STT: Que diretrizes a ADE estabeleceu para o bairro?

MGCF: A ADE estabeleceu diretrizes especiais para as construções e atividades no bairro. Desta forma, os prédios podem ter somente até três andares e altura máxima de 15 metros e as construções antigas e tombadas não podem ser demolidas. Os setores de serviço e comércio devem respeitar as características residenciais do bairro e por isso foi definida um lista com as atividades permitidas. Clique no link e conheça as atividades permitidas: Classificação de uso do Santa Tereza de acordo com a ADE

STT: Quais as vantagens de um bairro ou uma rua estar protegido por uma ADE?

MGCF: Entre as vantagens estão o fechamento do bairro para construção de grandes empreendimentos, o que assegura um trânsito menos caótico do que em outras regiões, como o Buritis, por exemplo; não é permitida atividades impactantes como indústrias, o que garante um ar menos poluído; casas antigas estão protegidas pelo Patrimônio Histórico; com a horizontalidade das moradias a relação entre vizinhos são preservadas, assim como as características interioranas. Principalmente será mantida a qualidade de vida dos moradores.

STT: Porque o movimento Salve Santa Tereza está de volta, se a ADE e suas vantagens foram conquistadas?

MGCF: A mobilização da população em 1996 garantiu a ADE e a preservação do bairro até hoje. Entretanto, com a pressão das grandes construtoras por áreas perto do centro, trazem de volta as ameaças da verticalização, que para se concretizar exigirão mudanças nas regras da ADE, Um exemplo real dessa ameaça é o prédio comercial em construção, na Av. do Contorno com Av. dos Andradas, o Rossi Andradas Office, que está dentro do limite do bairro e fora da delimitação da ADE.

Por isso, alguns moradores estão trazendo de volta o movimento Salve Santa Tereza e convidando a comunidade do bairro a se unir mais uma vez na luta pela manutenção e ampliação da ADE. Os limites da ADE (Mapa 1) são menores que os do bairro (Mapa 2). Assim é preciso que nenhuma parte fique de fora da área de proteção da ADE.

O movimento é apartidário e a participação democrática da comunidade nas decisões sobre o bairro é imprescindível para assegurar a qualidade de vida de todos os moradores.

STT: Quem quiser participar e acompanhar as atividades do Salve Santa Tereza como faz?

MGCF:Para participar do movimento basta entrar em contato com Ana Luiza ou Pedro no e-mail salvesante@gmail.comou acessar no Facebook a página Salve Santa Tereza. Algumas instituições do bairro e de outras áreas da cidade já estão apoiando o movimento como Associação Comunitária da Vila São Vicente, Associação Comunitária da Vila Dias, Associação de Bares e Restaurantes de Santa Tereza, Associação Comunitária do Bairro Santa Tereza, Oásis Clube, Instituto Helena Greco de Direitos Humanos, Santa Tereza Tem, Grupo Indisciplinar da Escola de Arquitetura da UFMG e Polo de Móveis da Avenida Silviano Brandão.

Saiba onde começa e termina o Santa Tereza

O bairro Santa Tereza conta, segundo censo 2010 do IBGE. com 17.115 moradores, que incluem as Vilas São Vicente e Dias, sendo 505 na Vila São Vicente, 1.003 na Vila Dias e 15.607 na área central

O bairro inicia-se na Rua Pouso Alegre, esquina com a Rua Gennaro Masci; segue pela primeira até encontrar os trilhos do Metrô; acompanha estes trilhos à direita até alcançar a Rua João Alfredo, segue até encontrar a Avenida dos Andradas. A partir daí, segue pelo eixo da Avenida dos Andradas, incluindo-a, à direita, até alcançar a Avenida do Contorno; segue pelo eixo desta à direita até encontrar a Rua Raul Mendes; segue pelo eixo desta a direita até a Rua Azurita (007079); segue por esta até à Rua Salinas; segue por esta à direita até encontrar a Rua Genaro Masci. Segue por esta até encontrar a Rua Pouso Alegre ponto de origem desta descrição.