Ateliês de Santê: Máximo Soalheiro - Santa Tereza Tem
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Ateliês de Santê: Máximo Soalheiro

Ateliês de Santê:  a arte de Máximo Soalheiro

Em um cantinho de Santa Tereza, esquina das Ruas Almandina e Cristal, se esconde mais um dos tesouros do bairro. Na fachada simples e coberta por árvores, algum andarilho incauto pode não perceber quanta beleza aquele lugar contém. O responsável: o artista Máximo Soalheiro.

Máximo levou seu ateliê para Santa Tereza em 1978, após quatro anos, operando em uma olaria próxima a Betim, na região metropolitana. “Comecei focado em tijolos estruturais, telhas, mas o que eu gostava mesmo era  de uma coisa mais artística”, conta ele, que voltou a morar no bairro em 1989 e de onde nunca mais saiu.

No ateliê, é possível perceber o quanto o trabalho dele se diversificou. Atualmente, cinco pessoas trabalham no local, com os formatos e materiais mais variados. “Temos inclusive uma tipografia, por exemplo. Fiz sua montagem há 12 anos, com equipamentos antigos, mas também sempre mesclamos com a tecnologia mais moderna, com um trabalho digital. Sempre misturei outras áreas, mas a cerâmica sempre foi o coração do nosso trabalho”, explica.

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 A experimentação é um estímulo para Máximo. Explorando materiais e métodos, ele combina cerâmica com impressão, confecciona livros, cria peças. “Em um trabalho recente, unimos cerâmica e música. Desenvolvemos instrumentos de cerâmica, uma verdadeira instalação

Foi uma coisa inovadora, especialmente desenvolvida para manter os harmônicos, as notas. Até para microfonar, fizemos uma pesquisa e chegamos a um equipamento específico”, nos conta. Não é para menos: neste trabalho, foram executadas obras de Radamés Gnattali e Heitor Villa-Lobos.

Foi experimentando, que foram confeccionados alguns móveis do próprio ateliê. Pergunta inevitável foi a opinião de Máximo sobre as chamadas “impressoras 3D”, uma tecnologia que está se popularizando. Com estas novas impressoras, é possível “imprimir” objetos tridimensionais, como utensílios e até armas – caso do exército norte-americano. Como tal tecnologia afetaria seu trabalho?

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“Estive no Rio de Janeiro, em um encontro do Ministério da Ciência e Tecnologia, e teve muita conversa sobre isso lá. É inevitável que as impressoras 3D cheguem até as casas das pessoas. Mas tudo que é novo tem um lado bom e um lado ruim. Hoje a questão da democratização do acesso às tecnologias é muito importante. Lembro que, quando comecei, precisei vender um carro e um telefone para comprar um único computador! Hoje esses valores caíram, mas aí entra a próxima questão: o que continua tendo valor é a criação. Todo mundo pode ter acessos aos equipamentos e softwares, pode até ser que aconteça com a impressão o que já aconteceu com a fotografia, que é essa coisa das pessoas pensarem que basta o equipamento para se tornar um fotógrafo. Não é bem assim”, avalia o artista.

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Atuante em várias técnicas e materiais, Máximo é direto: “Para ser um artista, não basta o conhecimento de apenas uma área específica”. Quersaber como é o trabalho de um artesão polivalente e disposto a ousar? O ateliê Soalheiro fica aberto para visitas de segunda a sexta, entre 9h e 18h; aos sábados, o horário é de 9h às 12h. O endereço é Rua Aldamina, 200, em Santa Tereza – a visita já é um aprendizado!

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